quarta-feira, 4 de junho de 2008

MAGICAL PIECES I

Adoro os "MAGICAL PIECES" que tenho lido.
Mais uma vez, falei com a KÉPIA para saber como tinha de fazer...
Mas entretanto, fiquei tristinha...!!!
Clicámos no blog, de forma a deixar mensagem à criadora
deste ritual, mas não conseguimos encontrá-lo!
Por isso, arrisquei, sem ter autorização!
Sorry, a quem de direito!
Há uns mesitos, conheci uma pessoa extraordinária.
A pessoa em questão, é um rapaz cinco estrelas, com trinta e um anos, Engenheiro Informático e que ao nascer, em Dezembro de 1976, no hospital de São Gonçalo, em Amarante, ficou portador de uma deficiência (Paralisia Cerebral), devido ao facto de haver um atraso significativo no parto (de salientar que esteve 24 horas para nascer, depois de a mãe ter recorrido ao dito hospital, assim que lhe “rebentaram as águas” e foi mandada de volta para casa, tendo regressado, quando começou a notar que algo não estava bem com o seu bebé). Esta demora fez com que, células cerebrais morressem, devido à falta de oxigénio. Estas células estavam situadas na parte que coordena toda a parte motora. A falta dessas células fez com que a sua vida tomasse um rumo ligeiramente diferente do de uma pessoa dita normal. As únicas diferenças que ele tem, em relação a uma pessoa dita normal, são o facto de não andar, não comer pela própria mão, não ir ao wc sózinho, entre outras coisas. São apenas pequenas diferenças.
O Nuno é um lutador. Uma pessoa bastante optimista e nunca desiste dos objectivos que traça. A verdade é que, o facto de estar numa cadeira de rodas, não controlar os membros superiores e ter alguns problemas ao nível da fala, faz tudo com os pés - ele atende telemóvel, escreve no computador, escreve com caneta e até já escreveu um livro.
Pois é!
O Nuno, apesar das limitações com que nasceu, estudou até se formar e escreveu um livro. E posso-vos dizer que, não tarda, está a caminho do segundo.
“A Vida e Eu”, é o título do livro escrito pelo Nuno. É um romance autobiográfico.
Para vos aguçar o sabor, aqui fica um pequenino bombom.

“Estávamos em mil novecentos e setenta e cinco, um ano depois da revolução que
mudou o nosso país – Revolução dos Cravos, o nosso 25 de Abril.
A amizade de longa data de dois jovens queria despertar para algo mais! Um dia
decidiram os dois fazer uma caminhada e aproveitar para falar, como o faziam desde
sempre, de um lado da estrada ia a Rosa Maria e do outro ia o José. Acontece que
ambos, a determinado momento, sentiram que havia algo mais. As trocas de olhares
cúmplices eram constantes. Ambos sabiam o que se estava a passar, mas não queriam
acreditar no que estavam a sentir, isto porque se viam como dois irmãos e nada mais do
que isso.
A sensação, à medida que os minutos passavam, era cada vez maior. Era de tal
maneira estranha que já não conseguiam olhar direito um para o outro. Mas nenhum dos
dois tinha a coragem de avançar um pouco que fosse. Assim permaneceram um longo
período de tempo. Eles sabiam que não adiantava adiar o que não era para adiar e que
não podiam ficar naquela situação o resto do dia.
Decidiram então tomar a iniciativa, se esta iniciativa não foi tomada em sintonia
andou lá perto, tudo porque avançaram os dois ao mesmo tempo. Selaram aquele
momento com um beijo carinhoso, dando assim início a um namoro que já estava
destinado há muito tempo.
Rosa Maria era a terceira de sete irmãos. Era uma moça humilde, amiga do
amigo e um pouco incompreendida pelas pessoas, talvez pela frontalidade que a
caracterizava. Deixou de estudar durante alguns meses, uma vez que a casa estava a
passar por momentos difíceis em termos de finanças e precisava de dinheiro fresco,
como tal teve de procurar emprego. Começou por trabalhar numa pastelaria, ao que se
seguiram uns outros tantos empregos. Uns tempos mais tarde voltou aos estudos com a
ideia de tirar um curso e ser alguém na vida.
Era uma pessoa ambiciosa e com uma visão bastante alargada.
José era um jovem natural de uma das quarenta freguesias do Concelho de
Amarante – Freixo de Cima. Uma freguesia um pouco afastada do centro urbano e onde
a actividade profissional com mais relevo era a agricultura. Trabalhador desde os seus
catorze anos numa das fábricas do grande império industrial e uma das maiores
empresas Portuguesas na actualidade – Tabopan. A actividade que José desempenhava
na fábrica era a de electricista, no caso de haver algum problema eléctrico era ele o
primeiro a avançar. Era o mais novo de seis filhos. Conheceu Rosa Maria por ser um
dos clientes da taberna que a mãe desta tinha. O passar dos anos como cliente fez com
que ele se tornasse um amigo da casa, de tal modo que quando a situação na taberna era
complicada em termos de clientes à espera, o José dava uma mão à patroa da casa.
A certa altura já o namoro ia com nove meses de duração, estávamos em Julho
de mil novecentos e setenta e seis, mais precisamente no dia trinta e um...."
Este é apenas um cheirinho das primeiras palavras que surgiram numa das fases mais negras da vida, do Nuno. Sentiu que ao mesmo tempo que escrevia, esquecia os seus problemas (nem que fosse temporariamente). Encarou a escrita como uma boa terapia para atenuar a dor provocada pelos problemas que estava a viver.
Catorze meses depois, deu por terminada a escrita.
O resultado final foi mais de trezentas páginas onde, o Nuno relata quase trinta anos de vida, sem tabus nem preconceitos. Tudo (ou quase tudo) está descrito em "A vida e eu".
O motivo para escrever a sua vida, prendeu-se com vários factores. Primeiro quis mostrar às pessoas que apesar de ser "diferente" da maioria, acaba por ter as mesmas coisas que elas.
Tem sentimentos, alegrias, tristezas, sonhos e desejos, como qualquer um.
Segundo, sabendo o Nuno, que há seres humanos como ele, em que o preconceito (da sociedade e até da família) é tão grande que se limitam a viver dentro de quatro paredes, quis fazer ver, a estes seres, que tal como ele, podem viver uma vida melhor.
Aqui está um dos meus heróis.
Sou fã, incondicional, do Nuno.
Ele é um “SUPERHIPERMEGA” ser humano. Conhece-lo pessoalmente, foi um dos dias mais incríveis da minha vida.
O Nuno, apesar das condicionantes, não aceita os obstáculos. Luta até ao fim, com todas as suas forças e ainda consegue dar apoio aos outros. Tem um coração de ouro. É uma pessoa sensível, meiga, inteligente e que não se resigna aos contratempos que a vida lhe coloca.
E agora, estarão a perguntar-se “Mas como faz com as simples coisas do dia a dia? Como lavar-se, comer, levantar-se, deitar-se? É simples! O Nuno tem a companhia da pessoa que mais o ama – A MÃE – a Dona Rosa Maria, tem estado sempre ao lado do Nuno. Apoiando-o em todos os momentos, dos mais simples e pequeninos aos mais complicados e gigantescos. Assim como o pai e a irmã.
Bom , só vos digo que vale a pena conhecer o Nuno, por tudo isto e muito mais. Por isso arrisquem! Conheçam-no no site http://www.nunomeireles.net/ ou leiam o livro.

2 comentários:

Képia disse...

Bem que história de vida como é possivel...uma bela lição para aqueles que nunca estão satisfeitos com nada, como é o meu caso ás vezes :Z

um grande beijo para o Nuno e muito sucesso para os seus livros :)

Bjinhos

Porcelain disse...

A vida... essa de quem eu tenho falado tanto mal... quando fecha uma porta... gosta de se entreter a abrir pequenas janelinhas um pouco por todo o lado... e ver-nos enlouquecer à procura delas...

Felicidades para o teu amigo